Vários evangélicos abandonam igrejas após pressão política: “Quem não vota em Bolsonaro não é bem-vindo”

Evangélicos que não apoiam o presidente e candidato à reeleição em 2022, Jair Bolsonaro (PL), têm deixado de frequentar os templos, após ser incomodados com a pressão política e hostilizados dentro da própria igreja.

De acordo com o UOL, o fenômeno ganhou impulso depois da eleição de Bolsonaro, em 2018, e alcançou ainda mais força agora, na campanha para o segundo turno.

Eles dizem ter visto o púlpito ser usado para pedir votos ou para condenar opções políticas alinhadas com a esquerda. Quando se posicionam, acabam rejeitados ou são afastados de tarefas nos templos.

“O pastor começou o culto normalmente, falando de como criar filho, com amor, cuidado e respeito. Depois falou: ‘não deixa seu filho fazer o ‘L’ (sinal de apoio a Luiz Inácio Lula da Silva) em casa, não'”, relata a professora Joana (nome fictício), que frequentava uma igreja pentecostal no Rio.

“Não voltei. Enquanto não acabar a eleição, não vou”, diz ela, de 43 anos. O desconforto começou ainda na pandemia, quando chegou a ouvir que máscaras e vacinas não funcionavam e que “a garantia era Deus”.

Depois, com a proximidade das eleições, ela e seu esposo viram a pregação política tomar conta do púlpito — em geral, ocorre no começo ou no fim do culto e principalmente quando a cerimônia não é transmitida pela internet, segundo conta.

“A gente não consegue ir a uma igreja em que não falem de política no fim do culto, em que não demonizem a esquerda”, acrescenta a professora.

E quem pensa o contrário acaba sendo escanteado. “Eles vão te colocando de lado, te tirando de cargos e funções”, concluiu ela. “Você não é bem vindo se não votar em Bolsonaro”.

O auxiliar administrativo de 23 anos, Matheus Rocha, de Iporã, no interior do Paraná, também sentiu o mesmo gelo na igreja pentecostal que frequentava. “Em um domingo, o pastor falou que deveríamos votar em Bolsonaro para não sermos impedidos de pregar amanhã”, afirma ele.

“Nesse dia, não fui ao culto e repostei (nas redes sociais), por acaso, uma publicação de um pastor e teólogo que acompanho e que não apoia o presidente. Quando os membros da igreja viram, acharam que eu estava afrontando meu pastor”, expressou.

Os relatos são semelhantes aos de evangélicos de outras denominações e em diversas cidades do Brasil. Parte deles prefere não se identificar por medo de retaliações.

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Por José Souza

Baiano, José Souza é um Jornalista. Atuou como freelancer para diversos sites conhecidos. Hoje, é colaborador do Diário Gospel. (Registro Profissional-5171/BA). E-mail: jjsouza_19@hotmail.com

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